Estudo surpreendente foi destaque no The New York Times desta semana.
Os impactos positivos dependem dos tipos e quantidades de exercícios praticados. No dia a dia, percebemos que basta um mês para o condicionamento físico ir embora, mas os benefícios vão além disso, impactam na saúde. Mas como é o efeito desse tempo de prática de exercício realizada há uma década?
O novo estudo foi publicado esta semana no Frontiers in Physiology, e realizado por cientistas da Universidade de Duke (EUA). A maioria dos pesquisadores estava envolvida há uma década em um experimento de exercícios em larga escala chamado Strride (para estudos que visam intervenções de redução de risco por meio de exercícios definidos).
Segundo a matéria do NYT, nesse experimento, realizado entre 1998 a 2003, com centenas de voluntários – um grupo com sedentários e com excesso de peso entre os 40 e os 60 anos que começaram a praticar exercício físico – moderado, como caminhar, ou mais vigoroso, comparável ao correr, e durava até que as pessoas queimassem pelo menos umas 500 calorias. E o outro grupo de sedentários que não iria praticar nenhuma atividade física, chamado de grupo de controle.
Os voluntários treinaram três vezes por semana durante oito meses, acompanhados de perto pela equipe de cientistas, que mapeou as mudanças na condição física aeróbica, pressão arterial, sensibilidade à insulina e circunferência da cintura. No geral, a saúde de todos melhorou. Depois dos oito meses eles se despediram e se encontrariam uma década depois – para a conclusão da pesquisa. Do estudo final só participou quem ainda morava em Duke.
Os voluntários voltaram ao laboratório para novos testes de aptidão aeróbica e saúde metabólica. Eles também responderam questionários sobre sua condição médica atual e medicamentos e com que frequência eles se exercitavam a cada semana. Com os dados em mãos, os cientistas começaram a comparar os resultados e descobriram diferenças significativas. A maioria do grupo de controle, que não se exercitou 10 anos antes, tinha cinturas maiores agora, enquanto o grupo dos que se exercitaram estavam com as cinturar praticamente iguais há dez anos.
Além da cintura maior, os voluntários sedentários estavam menos aptos. A maioria perdeu cerca de 10% de sua capacidade aeróbica, o que é típico dos declínios vistos depois dos 40 anos, quando a maioria de nós perderá cerca de 1% de nosso condicionamento físico anualmente. Mas aqueles homens e mulheres que se exercitaram vigorosamente durante oito meses durante o Strride mantiveram substancialmente mais aptidão. Em média, sua capacidade aeróbica havia caído apenas cerca de 5%, comparada a quando eles se juntaram ao estudo Strride, e os poucos que continuam firme no esporte – treinando ao menos quatro vezes por semana – estavam mais aptos agora do que há uma década.
Mais dados curiosos. Os voluntários que há dez anos ficaram apenas na caminhada não pareciam ter os mesmos benefícios duradouros de aptidão física daqueles que haviam se exercitado com mais vigor. A maioria havia perdido cerca de 10% de sua capacidade aeróbica durante a última década, muito parecida com os sedentários. Por outro lado, eles mostraram melhoria em sua saúde metabólica, mais do que aqueles que praticaram exercícios intensos. Os caminhantes apresentaram agora pressão sanguíneas mais saudável do que há dez anos, mesmo que se exercitando raramente no período.
Os cientistas concluíram que “o exercício é um poderoso modulador da saúde, e alguns efeitos podem ser bastante duradouros”. O estudo foi supervisionado por William Kraus, professor de medicina e cardiologia da Duke. E os efeitos diferem, quem treina mais forte tem melhora da capacidade aeróbica e quem treina leva, tem melhora da saúde metabólica.
William Kraus disse ao NYT que o estudo não explica como o exercício altera nosso corpo de formas duradouras, mas mostra que quem praticou alguma atividade física estará melhor do que o sedentário. “Provavelmente, o exercício deixa impressões duradouras em nossos genes e células que afetam a saúde”, diz Kraus. A equipe vai continuar pesquisando esses efeito.
Ele e seus colegas esperam investigar essas questões nos próximos estudos, para que possamos avaliar melhor como o exercício passado pode ecoar por nossos corpos no futuro. Uma ótima notícia para todos nós que adoraram correr!
Link do estudo: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11581566
Fonte: Coluna do Estadão ‘Corrida para Todos’, assinada pela jornalista Silvia Herrera