Diego Leite de Barros, do HCor, fala da importância de inserir esportes na vida dos filhos desde cedo, respeitadas as limitações de cada faixa etária
Além dos benefícios para a saúde, a atividade física praticada desde a infância tem potencial para ajudar na construção de valores importantes para a vida em sociedade. A avaliação é do fisiologista do esporte Diego Leite de Barros, do HCor – Hospital do Coração, em São Paulo.
“A partir da segunda infância e da pré-adolescência, o esporte é inserido no contexto de ensinar a criança a lidar com o trabalho em equipe, de ver o colega como alguém que vai ajudar a chegar em um resultado. O conceito de respeito às regras também é inserido, o de respeito ao adversário, de que ele não é um inimigo, que sem ele não existe um jogo.”
Segundo Barros, esses conceitos, se assimilados nessa fase da vida, “vão ajudar a construir um cidadão mais correto”.
O fisiologista diz que não existe idade específica para começar uma atividade esportiva, desde que sejam considerada a segurança da criança. “A ideia é desde sempre colocar a criança em contato com diversos esportes para ela mostrar a identificação que ela tem com uma ou outra atividade e a partir daí direcionar qual vai ser, teoricamente, o mais indicado.”
Ele explica que nos primeiros anos de vida, o mais importante é o estímulo motor. “A partir do momento em que a criança tem a capacidade de se locomover sozinha, abre um campo de exploração motora muito grande. Normalmente, você não vai usar o esporte com regras nessa fase. Eu não vou colocar uma criança de dois anos para jogar uma partida de futebol com regras. Nesse primeiro momento, eu vou querer que ele entenda a bola, que aprenda a chutar.”
A musculação não é recomendada antes dos 16 anos, diz o fisiologista. Ainda assim, adolescentes podem fazer treinamento funcional, com objetivo de prevenir lesões futuras, caso desejem praticar esportes profissionalmente no futuro.
O que levar em conta
Os pais precisam ficar atentos a alguns aspectos que envolvam uma rotina de atividade física dos filhos, de acordo com o fisiologista. “Tem que saber respeitar o limite da criança. Tem que ter uma preocupação com o padrão de sono. O treinamento conciliado à vida escolar pode gerar uma sobrecarga de alguma forma. Considerar que a criança quando tem esses treinamentos, além das atividades diárias, vai ter um desgaste físico que precisa ter uma alimentação proporcional. A suplementação alimentar não é indicada nessa fase. O adulto pode suplementar, mas a criança tem que ter um padrão alimentar adequado, de acordo com o tipo de atividade que ela está fazendo.”
Barros diz que em um primeiro momento, não há necessidade de procurar um médico antes de a criança começar a praticar atividades físicas. “A não ser que a criança apresente algum sintoma de um problema específico, que seja indicativo de uma avaliação médica”, acrescenta.
“Uma criança, mesmo que tenha algum grau de sobrepeso, o que é comum hoje em dia, não é isso que faz ela ter que passar por uma avaliação médica. Mas se os pais tiverem interesse em avaliar, é sempre positivo.”
No caso da alimentação, pode ser interessante a orientação de um nutricionista, observa.
O fisiologista alerta que “o esporte nunca pode ser prioridade” na infância e na adolescência. Os pais precisam acompanhar se os estudos não estão ficando de lado.
Também, segundo ele, deve-se observar o padrão de sono, se a criança se queixa de irritabilidade, dores e sobrecarga. Caso identifique um ou mais desses problemas, é preciso reorganizar a rotina de atividades.
Por Fernando Mellis / R7 Saúde