Entenda os benefícios que a prática de exercícios físicos gera ao fígado
É bem conhecido que a prática de exercícios físicos faz bem à saúde, sobretudo, em relação às doenças cardiovasculares. Mas, de que maneira a atividade física é capaz de interferir e auxiliar no controle dessas doenças? E quais tipos de exercícios físicos são mais indicados para obtenção desses benefícios?
A gordura presente no organismo é de fundamental importância para manutenção da homeostase. Ela é presente em diversos processos metabólicos, como a produção de hormônios, transporte de vitaminas e reserva de energia, além de fornecer proteção e manutenção da temperatura corporal. Entretanto, quando há um excesso, a gordura pode trazer inúmeros malefícios à saúde, principalmente, em relação ao sistema cardiovascular.
A gordura que ingerimos diariamente na dieta é distribuída no organismo de diferentes maneiras. Grande parte dessa gordura é absorvida pelo intestino e transportado no sangue pelo quilomícron, o qual contém em seu interior colesterol triglicérides e ésteres de colesterol (analogamente, o quilomícron seria comparado com um ônibus e o TG (triglicérides) e os ésteres de colesterol com os passageiros). O destino dessas partículas inclui os tecidos periféricos e o fígado. As moléculas que chegam ao fígado são metabolizadas e parte delas é enviada novamente para circulação na forma de VLDL. Além dessa partícula, o fígado também é responsável pela síntese de LDL (popularmente conhecido como “colesterol ruim”) e HDL (“colesterol bom”), que também funcionam como um meio de transporte para moléculas de colesterol.
Diversos estudos mostram a relação existente entre a prática de exercícios físicos e a melhora do perfil lipído (ou seja, diminuição de TGs, VLDL e LDL e aumento do HDL). E mais, recentes pesquisas destacam que exercícios mais intensos e com mais gasto de energia, apresentam um benefício maior em relação a exercícios de intensidade moderada e com baixo gasto energético.
A atividade física regular é capaz de induzir alterações em níveis moleculares no fígado (inibição da expressão de genes, aumento de atividade enzimática, diminuição da concentração de determinadas proteínas) que resultam, em última análise, na diminuição da produção e distribuição de colesterol pelo fígado.
Durante os exercícios físicos a secreção de glucagon e insulina aumentam e diminuem, respectivamente. Glucagon e Insulina são hormônios secretados pelo pâncreas que tem a função de controlar a glicemia, ou seja, os níveis de açúcar, permitido a entrada deste na célula para geração de energia, seu armazenamento no fígado e tecido adiposo. Já o glucagon age de modo a aumentar a glicemia, por meio da manipulação das reservas energéticas e formação de glicose a partir de outras fontes (ex. proteínas). Estudos mostraram que o aumento da concentração de glucagon induz maior taxa de oxidação de gordura pelo fígado e a prática constante de exercícios físicos leva a uma maior sensibilidade desse órgão aos efeitos dessa substância.
O fígado é o gestor central do metabolismo lipído que controla a distribuição de gorduras pelo organismo. Portanto, a prática de exercícios físicos é capaz de induzir alteração no metabolismo do fígado a fim de reduzir os níveis de VLDL, triglicérides e colesterol ruim (LDL), e aumentar os níveis de colesterol bom (HDL).
Dr. Paolo Rogério de Oliveira Salvalaggio é Mestre e Doutor em Cirurgia. Pós-doutorado e Fellow nos Estados Unidos. Especialista em Cirurgia Digestiva e Videocirurgia. Atua como cirurgião do aparelho digestivo, com ênfase em cirurgia de fígado, pâncreas e vias biliares.