Especialista aponta diversas atividades para cada fase do desenvolvimento infantil. Ortopedista Pricila Bonetti fala sobre os exercícios para cada faixa de idade.
Criança ativa é sinal de saúde, certo? Mas, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), a recomendação é que crianças de 2 a 5 anos façam, pelo menos, duas horas de atividade física por dia. Já para as crianças de 5 a 17 anos, o indicado é uma hora por dia. E isso vale para todos os dias da semana. Mas, que atividades físicas são essas? De acordo com Pricila Bonetti, profissional em Ortopedia e Traumatologia Esportiva e em Medicina do Esporte e do Exercício, para cada faixa de idade existe uma recomendação:
Bebês até 1 ano de idade – mantenha-os ativos várias vezes ao dia, por meio de brincadeiras no chão de modo interativo. Colocá-los de barriguinha para baixo por 30 minutos, várias vezes ao dia, é uma ótima atividade. Evite deixá-los restritos por muito tempo em carrinhos de bebê ou bercinhos e não os exponha a TV ou tablets.
Crianças entre 1 e 2 anos – são necessários pelo menos 180 minutos de atividades variadas por dia, de moderadas a vigorosas, condizentes com a idade. Brincar em playgrounds do condomínio ou da escola onde existam pequenos obstáculos para serem transpostos, o uso bicicletas de equilíbrio (sem os pedais, onde a criança impulsiona e freia com os próprios pezinhos) são ótimos exemplos. Preencher o tempo com livros e contação de histórias é muito mais produtivo do que permitir o acesso à TV e tablets.
Crianças de 3 a 5 anos – metade do tempo de atividades físicas precisa ser reservado a exercícios mais intensos, como corridas, saltos, subidas e descidas de obstáculos maiores (escorregadores, pequenas árvores, circuitos de escaladas), bicicleta, natação.
Acima de 5 anos e adolescentes até 17 anos – precisam de pelo menos 60 minutos de atividades físicas diárias de intensidade moderada a vigorosa. Para esta faixa etária, além das brincadeiras, há necessidade de incluir educação física, modalidades esportivas e exercícios organizados contra resistência e de sobrecarga óssea durante pelo menos 3 dias da semana. Mas, atenção! Atividades vigorosas devem ser indicadas, para evitar excessos, já que crianças pré-púberes possuem imaturidade musculoesquelética. A gama de atividades que as crianças e adolescentes podem realizar varia muito. Alguns exemplos são:
Todos os dias: atividades e exercícios aeróbicos moderados que incluam corridas, rápidas caminhadas, natação, dança e ciclismo.
Três dias na semana: atividades aeróbicas com intensidade mais vigorosa, exercícios de fortalecimento muscular e ósseo.
Hábito vem pelo exemplo
Instituir as brincadeiras que englobam atividades aeróbicas, força e coordenação na rotina das crianças e adolescentes é algo que depende dos pais e responsáveis, e demanda tempo e dedicação, por conta da necessidade de supervisão e interação. Quanto antes isso acontecer, mais fácil transformá-las em hábito. Para colocar as brincadeiras na rotina das crianças, a orientação é levá-las a locais seguros e adequados, e interagir com elas. Pode ser antes os depois da escola, durante um período e horários estabelecidos, transformando gradualmente a atividade física em compromisso. Se não for possível fazer isso diariamente por conta do trabalho ou demais afazeres, uma sugestão é que os pais se organizem para que outro responsável de confiança, o faça.
“Mas, a introdução e a manutenção do hábito da prática de atividades físicas e esportes só será efetivo se os pais ou responsáveis se tornarem o exemplo. Como para qualquer outra questão, incluindo alimentação e educação, ser e dar o exemplo é a melhor forma de ensinar e conquistar confiança e credibilidade por parte dos nossos pequenos”, afirma a médica.
Os ganhos na saúde são comprovados cientificamente e cada vez mais noticiados na prática médica. Entre eles estão:
- Melhorar a quantidade e a qualidade do sono;
- Redução do risco de desenvolvimento de obesidade e de doenças não transmissíveis (como diabetes, hipertensão, cardiopatias, sarcopenia, doenças vasculares);
- Promoção do bem-estar;
- Benefícios na saúde mental;
- Incremento na capacidade musculoesquelética e cardiometabólica;
- Melhor desenvolvimento cognitivo e motor;
- Melhor controle sobre sintomas de ansiedade e depressão e oportunidades de expressão pessoal, construção de autoestima e autoconfiança;
- Interação e integração social da criança.
Diante de tantos benefícios, Pricila Bonetti aponta, ainda o prejuízo causado pelo sedentarismo da população.
“O sedentarismo promove um custo anual mundial de cerca de 54 bilhões de dólares com assistência médica direta e 57% deste valor fica a cargo do serviço público. As doenças cardiovasculares, diabetes mellitus e neoplasias são responsáveis por 71% das mortes no mundo, incluindo as mortes de 15 milhões de pessoas por ano com idade entre 30 e 70 anos. Todas as medidas preventivas que possam ser utilizadas para diminuir esses números em qualquer grau é uma grande conquista para a humanidade”, finaliza a médica.
Por Renata Rosa / Especial para o GloboEsporte.com/pr